Wednesday, April 30, 2008

"At last! My arm is complete..."



Adquiri hoje (finalmente!) a Atari VCS, esse sistema que transformou uma curiosidade de milhares num fenómeno de milhões. Trata-se nada mais do que a versão inicial da consola, modelo CX2600 (número de onde surge a designação tardia 'Atari 2600') produzido por volta de 1978. Esta versão, também conhecida como 'heavy sixer', distingue-se pelo seu friso que imita madeira e pelos seis interruptores embutidos no painel. Dos jogos que a acompanham destaco o icónico GHOSTBUSTERS, programado por David Crane, COMBAT, adaptação caseira do êxito arcade TANK, ou INDY 500, outro título pertencente aos nove jogos originais de lançamento da consola em 1977.






Friday, April 11, 2008

Some Birds Aren't Meant To Be Caged



Partindo de uma frase do filme Shawshank Redemption (ver o excelente texto do blog Fila C para mais informação sobre o filme), escrevi um pequeníssimo ensaio que explora o valor da Liberdade no jogo ICO intitulado 'Some Birds Aren't Meant To Be Caged', ilustrado por vários exemplos onde este complexo conceito foi explorado em demais videojogos. Este texto marcou minha primeira participação oficial no blog 'Team Ico Gamers', agora encerrado. Por esta razão procurei recuperar o texto e reprocessá-lo em formato PDF disponível para download para quem desejar conhecer uma perspectiva diferente do trabalho de estreia de Ueda e associados na SCE.



Saturday, April 5, 2008

Here Be Dragons


Com maior destaque sobre as restantes, a banda sonora de LAIR atinge um expoente máximo da música produzida para acompanhamento de um videojogo no ano de 2007, um trabalho extensivo de John Debney que se reparte por cerca de quatro horas da mais refinada música contemporânea. Configurando-se como uma poderosa investida orquestral, o trabalho deste compositor nomeado para Óscar propõe uma invulgar variedade temática, abrangendo registos distintos porém integrados numa moldura de grande homogeneidade. Como que uma colheita de alguns dos melhores momentos musicais do último século – com especial atenção às bandas sonoras de Hollywood, onde o apurado sentido de Debney se forjou – a música em LAIR encontra-se em rematada sintonia com a temática fantástica do jogo e a sua ampla dimensão espacial. Muito além do épico, a expressão sinfónica que se alia ao prestigioso poder visual desta experiência enuncia como seus principais suportes o trabalho de Basil Poleduris em Conan, The Barbarian, o paradigma da composição musical de temática profana pós Carl Orff, não dessacralizando por completo a redacção melódica, pautada em várias ocasiões por um sentimento venerável popularizado por Miklos Rosza (Ben-Hur, King of Kings).

O corpo de vocalização oscila entre destemidos acometimentos corais, bradando em união, ou a singularidade das escalas de um exotismo médio-oriental, como na suplicação interpretada por Lisbeth Scott em “Ravine of No Return (Darkness)”. Contudo é da instrumentalização que o poder melódico emana, compreendendo um uso incansável da secção de metais, desde a bravura das trompetes à imponência das tubas (Day of Terror – Diviner Battle, Firestorm, etc.), atacando cada nota com uma contundência que inspira fervor heróico. Nas cordas, Debney destila o seu carácter mais exaltado, no auge da sua emoção harmónica e sentida, encontrada no tema “Tutorial” ou em “Firestorm (Elegy)”, com esporádicas transições e encaixes que recordam Fantasy on a Theme by Thomas Tallis, onde Ralph Vaughan-Williams certa vez roçou o divino.

À imagem do jogo que acompanha, a estrondosa obra musical de Debney (ainda) não obteve o reconhecimento absoluto, num caso em que a própria imagem evocada pela linguagem musical subalterniza a majestosa direcção artística do jogo dirigido por Julian Eggebrecht. A sua qualidade parece ter atingido essencialmente os entusiastas da música sinfónica: os poucos que lhe têm reconhecido a sua qualidade intrínseca com os mais enérgicos adjectivos, cenário insólito no domínio videolúdico. Com efeito, o ápex das bandas sonoras originais orquestradas para acompanhamento de um videojogo deste ano concorrido, assim como uma incontestável adenda à afirmação da indústria como importante engrenagem no motor da produção artística actual.