Saturday, July 5, 2008

Arcade Days - Violent Storm


Julgando pelo estado actual dos salões recreativos em Portugal, é difícil imaginar um tempo em que aquelas salas escuras e pouco arejadas eram locais de peregrinação onde os jogadores encontravam as mais recentes aplicações das tecnologias de vanguarda. Hoje, muitos destes espaços encontram-se esvaziados, abandonados ou encerrados, ou em casos ainda mais infelizes, transformados em salas de Local Area Networks repletas de PCs com cópias de COUNTERSTRIKE. Longe vão os dias das cabines hidráulicas, das luzes intermitentes, dos sons estridentes de dezenas de máquinas que, em conjunto com os sons das moedas rolando e dos botões obsessivamente pressionados, criavam um ambiente singular. Nestes salões, ou nos cantos obscuros dos bares e cafés, descobri alguns dos melhores e mais emocionantes momentos do meu percurso pelo mundo dos videojogos que passarei a recordar nesta pequena feature, à qual dei o nome de Arcade Days.

Blanka e uma ligeira referência a Bison, de facto.

Como a próprio conceito de arcade, o género dos beat’em up vem-se perdido através dos tempos, ocupando agora um lugar muito reduzido face à enorme produção de jogos actual. Contudo houve um tempo, nomeadamente entre os finais da década de 80 e a primeira metade de 90, em que a popularidade deste género atingiu o seu auge. VIOLENT STORM surge no ano de 1993, numa era de domínio confortável das software-houses sobre os sistemas de 16-Bit, caracterizado pelos múltiplos e gigantescos sprites em ecrã com um colorido vibrante e convidativo. Criado pela KONAMI, o jogo baseia-se na mesma placa que foi criada para MYSTIC WARRIOR, seguindo o cânon clássico das três personagens elegíveis: Wade, artista marcial de uniforme; Kyle, o lutador de rua com roupas casuais; e Boris, o mais portentoso e irreverente dos três.

Downtown, zonas industriais, parques... os palcos da praxe.

Metal retorcido.

Narrativamente oco, como convém, VIOLENT STORM proporciona uma introdução breve a um mundo apocalíptico pós-terceira guerra mundial onde o crime e anarquia imperam nas ruas. O rapto de uma amiga comum aos três lutadores despoleta a cena de violência que atravessa a cidade através dos seus locais mais perigosos. Plagiando o level design de STREETS OF RAGE em mais do que esporádicas localizações, o jogo da KONAMI também se mostrou capaz de apresentar uma série de inovações nomeadamente no que diz respeito aos controlos, com alguns movimentos extraordinários resultantes da elementar combinação das posições do joystick com o botão de ataque. Outro aspecto inolvidável a seu respeito é a extensão de destruição dos seus cenários e o número de objectos incomuns que podem ser utilizados como arma de arrojo. O acompanhamento sonoro, dadas as grandes potencialidades do sistema, incluía não só música estéreo pulsante como vocalizada.

Após um plágio fenomenal à usina de STREETS OF RAGE,
o nível culmina com uma homenagem despida
a Aliens de James Cameron.

Violent Storm prezava por ser um jogo com atitude,
algo que se denota com clareza atitude positivista
dos seus gráficos, brilhantes e coloridos.

O aspecto mais impressionante do jogo consistia na fluidez dos movimentos e animações, das localizações agradáveis, com muito humor exercido no pano de fundo, assim como a proporção adequada de dificuldade com tempo de jogo. É certo que não é um jogo pioneiro e que homenageia em diversas situações os títulos régios dos salões recreativos (entenda-se Final Fight e Street Fighter): todavia produz algo modelarmente único nessa sua junção de características, sugerindo uma experiência nova e refrescante que permanece ainda na minha memória como um nítido exemplo do que significava “ir jogar nas máquinas”.

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