A partir de 1975, a Atari viveu um momento de prosperidade derivado do sucesso de vendas da versão caseira do jogo PONG, conhecido por HOME PONG ou Sears Tele-Games, já depois do contrato milionário entre a empresa Californiana e a cadeia de lojas que abrangia todo o continente Norte-Americano. Robert Brown, um dos iniciadores desta primeira consola de jogos doméstica da Atari, pertencia ao departamento de R&D onde a sua função se centrava na criação de novas tecnologias que pudessem ser transformadas pela empresa em produtos comercializáveis. Em 1976 Bob produz uma das suas invenções mais visionárias que viria a receber o nome de Atari Video Music.
Segundo Scott Cohen no seu livro Zap: The Rise and Fall of Atari, quando o protótipo do Video Music foi revelado, alguns dos responsáveis da Sears perguntaram a Nolan Bushnell o que é que os trabalhadores da Atari andavam a fumar: diz a lenda que Bob Brown apareceu na sala nesse preciso momento com um charro aceso. Um dos elementos-chave do processo de comercialização passou pela apresentação do produto cujo design se encontrava em consonância com o estilo dominante em sistemas áudio da época: painel cromado com reguladores e botões, reforçados com acabamentos em madeira. Ainda assim, a sua permanência no mercado não excedeu o primeiro ano, sendo hoje um produto raro e de valor comercial elevado.
O processamento de imagens em função da escolha musical do utilizador permeou áreas tão diversificadas como a música, televisão e video art - um aproveitamento ao qual a indústria dos jogos de vídeo também não foi alheia. Um exemplo deliberado encontra-se na obra de Jeff Minter, esse falso profeta dos jogos de vídeo cuja obra subsiste de duas influências maiores: TEMPEST, de David Theurer; e os efeitos visuais psicadélicos que este mecanismo instaurou. Observando atentamente os comportamentos do sistema Virtual Light Machine, independentemente da versão deste programa e da sua inclusão em diferentes jogos de vídeo da Llamasoft, torna-se claro o nível da influência que o delírio de Brown produziu sobre Minter – sendo o último frequentemente citado como o introdutor da era do visual plugin.
Ironicamente, este objecto obscuro da geração dos anos 70 recorda o quão fina é a linha entre o revolucionário e o redundante. Como tantas outras criações incompreendidas do seu tempo, produz um interessante testemunho de como a evolução dos tempos origina novas predisposições e extingue, lentamente, os preconceitos. A sua relevância actual, para além do objecto de culto da defunta Atari de Bushnell, adiciona mais uma entrada na categoria de ideias falhadas que viriam a angariar a atenção e sincera admiração de um grande público décadas mais tarde.
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