Tuesday, January 15, 2008

Axios 02 /Drag-On Dragoon/




Iniciado como PROJECT DRAGONSPHERE, DRAKENGARD (ou DRAG-ON DRAGOON, no Japão) é um título da Cavia, uma pequena equipa criada por antigos membros de grandes estúdios como a NAMCO. Originalmente proposto para publicação à Enix, o jogo acabou por ser lançado após a fusão com a Squaresoft, tendo assim beneficiado de um lançamento mundial e localizado para várias línguas por mão da Square-Enix a partir de 2003.

DRAKENGARD pode ser descrito como uma peculiar mescla entre as batalhas em campo aberto de DYNASTY WARRIORS, a mecânica de combate de um shooter 3D e a sublime estética de PANZER DRAGOON. A aventura de Caim e Angelus, o dragão com quem fez um pacto em troca da sua voz (alma), encontra-se acompanhada pelo extraordinário trabalho de Takayuki Aihara e Nobuyoshi Sano, uma das mais estranhas abordagens à tarefa de compor uma obra musical para um título de tom épico.




Lançada em dois volumes separados, a anárquica banda sonora de DRAG-ON DRAGOON consiste, estruturalmente, na colagem de uma série de trechos de grandes obras da música erudita. Esta amálgama extravagante de samples incessantes e cíclicos, abruptamente inseridos e frequentemente fora de tempo, inclui pedaços da música de autores como Béla Bartók (Concerto para Orquestra, O Mandarim Miraculoso), Claude Debussy (La Mer), Pyotr Ilyich Tchaikovsky (Lago dos Cisnes, Capricho Italiano, O Quebra-Nozes, Romeu E Julieta, etc), Ottorino Respighi (Feste Romane), Gustav Mahler (Sinfonia Nº 5), Rimsky-Korsakov (Capricho Espanhol), Richard Wagner (Crepúsculo dos Deuses, As Valquírias, Tannhäuser), Modest Mussorgsky (Quadros de uma Exposição), Antonín Dvořák (Sinfonia nº 9, Carnaval: Abertura), ou mesmo Gustav Holst (Os Planetas).

Ainda que o recurso a temas de música clássica ou erudita seja um lugar comum na indústria dos videojogos, quer pelo uso directo de grandes temas, quer pela inspiração que estes oferecem aos artistas da actualidade, não me recordo de nenhum outro título cujo acompanhamento musical partilhasse semelhante método, baseado na edição e conjugação desordeira de pequenos extractos de alguma da melhor música produzida pela Humanidade. Takayuki Aihara e Nobuyoshi Sano nunca estiveram associados a qualquer género de trabalho de orquestração e olhando para a sua carreira antes deste DRAKENGARD, apenas encontramos sonoridades electrónicas respectivas a títulos arcade como RIDGE RACER ou TEKKEN.

Um título mais importante na compreensão da escalada profissional de Aihara é o seu trabalho em SOUL EDGE, nomeadamente na remistura dos temas originais da versão coin-op como banda-sonora alternativa na sua versão doméstica: é, inclusivamente, possível de discernir alguns pontos de cruzamento entre esta versão arrange do jogo da NAMCO, efectuado enquanto Aihara ainda trabalhava para a Arika Co. Ltd, e os temas da banda sonora em questão. Um aspecto que se encontra claramente na origem deste projecto é o apreço pelo experimentalismo, numa tentativa de recriar sonoridades épicas para esta epopeia de feição medieval recorrendo a uma requintada selecção musical de grandes artistas. Todos estes temas foram gravados com a Nova Orquestra da Cidade de Tóquio e remisturados, posteriormente, através das ferramentas digitais contemporâneas, resultando num impulso sonoro agressivo e, não raramente, caótico.

O vídeo promocional pode fornecer um bom exemplo para aqueles que estão familiarizados com a obra de
Dvořák, nomeadamente o trabalho de cordas do primeiro andamento (Adagio- Allegro Molto) da obra de 1893 desse herói da composição musical do antigo império austríaco.




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