Wednesday, January 9, 2008

(Yet Another) Stroll Down Memory Lane



Parece-me muito clara a razão pela qual recordamos tantas vezes a nossa infância: ao nos tornarmos adultos, adquirimos um conjunto de responsabilidades das quais não podemos fugir. O nosso mundo torna-se mais aberto a possibilidades, mas este alargar de horizontes implica não só mais liberdades como também as consequências dos nossos actos. Portanto é apenas natural que nos tentemos situar numa memória ou conjuntos de memórias calorosas nos intervalos da vida adulta. É bom manter alguma infância dentro de nós. Por essa razão parti em busca de alguns objectos que significaram horas de felicidade pura naqueles tempos de menos abundância mas de muito mais entusiasmo pelas pequenas coisas.

Muito antes de se ter aventurado no desenho do famoso Gameboy, Gunpei Yokoi começou a sua carreira na Nintendo como criador de brinquedos. Como utilizador comum dos serviços de transportes públicos, Yokoi notou que muitos dos homens de negócios em viagem se distraíam com as suas pequenas máquinas calculadoras, produto muito popular na época. Baseado no seu estudo de mercado in loco, desenhou um modelo de consola muito semelhante a uma máquina de calcular em dimensões e custos de fabrico, mas cujo propósito era o de entreter. O primeiro jogo lançado, BALL, ditou o formato do sistema, com botões de borracha e um ecrã LCD que, em vez de dígitos, se compunha de desenhos predefinidos para todas as situações possíveis.




Ainda que não fossem as primeiras consolas portáteis da história, as Game & Watch foram um enorme sucesso no mercado japonês, tendo sido exportadas mais tarde para venda em todo o mundo. O modelo que eu tive a sorte de poder jogar era o famoso Donkey Kong Jr., baseado no tema do jogo arcade, sequela do jogo original de 1981, onde desta vez era Mario quem tinha enjaulado o gorila trapalhão.

Como aconteceu com muitos outros brinquedos, jogos ou relógios que possuía na altura, não faço a mínima ideia de como perdi esta pequena consola. Poderá ter acabado como uma vítima da minha obsessão infantil de abrir todos os objectos para conhecer o que os fazia funcionar. Contudo, para quê punir-me eternamente por qualquer acto que tenha feito antes dos meus dez anos de idade? O brinquedo serviu o seu propósito: divertir, numa primeira fase, e suscitar o meu interesse em descobrir o que se esconde por detrás da superfície, na segunda e derradeira fase da sua curta existência.


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